O que tenho
Ah, a angústia de esperar-te
Em vão, sem que apareças.
De notar-te sem vontade de ver-me
De saber enfim que não te tenho
Nem terei.
Por que me deixas no chão?
Pobre, sem respostas
Porque finge que gostas
E prepara-me o coração?
Responda-me num olhar somente
Desses que mata ou revive
A esperança da gente.
Depois de mostrar-te o que talvez sou
Que posso ter o que não terás.
De um outro qualquer que amaste
E esperaste o que ele nunca traz.
De mim, foges.
Como quem tem medo.
Deixe de tolice mulher!
Que o que tenho pra ti é amor
Desses que qualquer uma quer
Lotado de graça e de cor.
Venha, pra mim, diga-me: eu vou
Que te espero até o dia partir.
Mas se ele acaba e vejo que acabou
Posso no final desistir.
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