O poema que foi
Tenta enganar o poema.
Que agora, em sua chegada,
Faz-me digno dele.
Canta o fato natural da alma humana,
Sob a pele nua.
O corpo todo respirando,
Entre flores e prédios.
De olhos abertos, inconscientes.
Assassino! Assassino!
Diz-me o poema,
Que cai dentre as sombras dos relógios.
Morre de velho, o pobre!
Com cheiro de morte.
Por ser tão moço.
Ah, poema,
Que só me vens assim com palavras tolas.
Volte, ò soneto de amor!
Para uma linda moça de rua.
Para uma senhora, nua.
Uma menina que passa.
Volte soneto apaixonado.
Dos tempos em que sentava na praça.
E, ao meu lado,
Só um caderninho escrito.
Um passarinho descansado,
E um olhar em forma de grito.
Jonas Lewis